Saldão de Natal-

E essas são as coisas que eu aprendi fazendo extra de natal na
C&A ( que deve querer dizer: Compramos Almas):

- Aprendi a operar um pdv. Sabe aquela maquininha registradora? Pois é.
Manejo aquilo ali como ninguém, agora. Até ENSINEI a uma menina que chegou depois de mim,
que aliás, é um doce de côco. A Jéssica. Já vou sentir falta dela;

- Aprendi que, definitivamente, NÃO era um bom lugar pra quem estava querendo ficar curada do consumismo. Ã, ã. É exatamente como um alcólatra decidir virar Bar man para ocupar a mente;

- Confirmei minha teoria de que aquilo ali estava muito longe do que eu acredito na vida, do que eu sou e pior, do que eu ainda posso ser. Já perdi as contas de QUANTAS vezes meus novos colegas de trabalhos diziam pra mim : Mariah, que que cê tá fazendo aqui??!

- Colecionei gente pra curtir a minha voz! :) Tanto que acabei me inscrevendo pro "Ídolos" ( uahhauhahahua) ! Sério, imaginem isso! " Ah não, Mariah, você tem que estar por aí cantando!"
Era o que eu ouvia todo santo almoço. E agora que eu me inscrevi ( mesmo que não tenha certeza se terei mesmo coragem de ir), eu ouço, de diversas pessoas : quero ver quando você for famosa, se vai lembrar de mim." Mas pra ser sincera eu não queria ser famosa, não.
Eu acho que se perde muita liberdade nesse negócio. Enfim;

- Aprendi que os clientes se sentem surpresos e restaurados quando a caixa ( eu, por acaso) sabe a origem dos seus nomes. Demétrius = grego. Baptista = português (Bejio, Carol) . E tinha uma senhora bastannte exaltada, uma fera mesmo, porque alguém não quis aceitar o documento dela, que veio parar no meu caixa. Eu morri de medo dela decidir descontar em mim. Mas péra aí, o nome dela era Maria Soledade! "A senhora é descendente de espanhóis?" Pronto, mal humor resolvido.

- Aprendi que eu me porto como uma retardada, uma histérica quando a Grazi me aparece de súbito no colo da mãe dela, na fila. A minha colega do lado me perguntou : A sua sobrinha é de São Paulo? Eu disse: Não, ela mora do lado da minha casa, por quê? Ela: Maria, você é muito legal, do jeito que você ficou, eu achei que ela morava longe! Você ficou maluca!"

- Aprendi que as pessoas ou a maioria das pessoas que trabalham ali acham suuuper normal
trabalhar 9, 10 horas por dia, seis dias na semana. E que se alguém decide pensar e exigir que se cumpra o que está no contrato é visto como esquisito, no mínimo. Taí uma linha de raciocínio que eu re-al-men-te não acompanho. Porque se o efetivo ganha MENOS do que eu, pra quê eu vou querer ser efetivada??? Pra trabalhar mais e ganhar menos??!! Tá louco.

- Aprendi que ali, como em qualquer lugar do tipo, quanto mais inescrupuloso você é, maior você se torna, uma vez que o objetivo de todos é vender juros MUITO altos, como se fossem vantagem.

- Aprendi que não importa quantos anos você se mate de trabalhar ali, se você é gerente, ou supervisor, nos domingos de fim de ano ( e em todos os domingos próximos às datas comerciais, que NÃO são poucos), você não poderá estar com sua família. Ou com quem quer que seja. E isso é uma das coisas que me deixou chocada. Como é que é isso? É só fazer dinheiro o que importa? Credo. Ou eu sou muito inocente ou essas pessoas não entendem MESMO o que realmente importa na vida.

- Decidi que não importa o quanto eles me descontem por isso, eu vou faltar no dia 24. Porque ir pra casa do meu namorado e passar o dia todo não fazendo nada com ele, definitivamente, NÃO TEM PREÇO.


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