" Mas ela diz que apesar de tudo ela tem sonhos"
Biquini Cavadão_ Janaína.
Acabei de ver um filme " O psicólogo".
É um bom filme, e fala sobre cinema.
Gosto dessa metalinguagem.
Filme falando de cinema,
arte falando de arte mesmo, enfim.
O protagonista é um psicólogo que perdeu a esposa.
Ela suicidou-se.
E dado momento ela fala uma coisa absolutamente pertinente:
" Eles esperam que eu reaja normalmente à dor.
Mas a dor é minha!"
•
Então me deixem contar umas coisas.
Quando minha mãe morreu, eu disse pro Thiago :
Não quero nem saber, uma vez que você está disposto,
vai estar comigo no enterro, porque
a dor é minha, vou estar ao lado de quem eu quiser.
O problema da minha mãe ter morrido é o seguinte:
Quando eu era uma substância sem forma e vazia,
uma que deveria ser o que costumamos chamar de mãe,
decidiu que não me queria.
Ao mesmo tempo, do outro lado do estado,
aquela que eu vou chamar eternamente de mãe,
pensou consigo mesma: Se eu tiver mais uma filha,
vai se chamar Mariah Cândida.
Então quando eu estava pronta, fui entregue a minha
única e verdadeira mãe.
A que me quis.
Mas acontece que a essa altura, minha linda mãe já tinha lá
seus cinquenta e um anos.
Exatamente, fui adotada por uma mulher fabulosa de cinquenta e um anos!
Então imaginem, o quanto a gente não brigava.
Ora, tínhamos pensamentos tão diferentes!
Séculos diferentes!
Pois no dia 17 de Novembro de 2009,
essas diferenças foram pro espaço.
Minha relação com minha mãe se tornou uma amizade,
finalmente.
Tudo porque eu passei por maus bocados.
E ela talvez tivesse percebido que tudo de que eu
precisei todo esse tempo era uma mãe que me ouvisse.
Era maravilhoso, sabem ?
A partir de então eu podia pensar:
Eu quero a minha mãe.
Sabia que podia contar com ela, não importa o que houvesse.
Isso NÃO faz um ano!
Entenderam ?
Não tive UM ano pra aproveitar a amizade dela!
Quando estava ficando realmente divertido, ela se foi!
Eu nunca vou poder ligar pra ela e perguntar como
é mesmo a receita de pizza.
Ela não viu um filho meu.
Ela não me viu formada na faculdade.
Eu nem mesmo toquei uma música pra ela, no violão!
Ela não terminou de fazer o casaquinho, que eu tanto enchi
o saco dela pra fazer, pra quando eu tivesse um filho.
Ela não viu pessoalmente o homem que ia me fazer feliz.
E ela queria tanto isso!
Eu não tive a chance de dar um maço de dinheiro a ela.
Eu não mostrei a ela que arte pode dar certo, sim.
Eu não sei se ela realmente gostou da tatuagem, ou se
é história da minha irmã.
Ela não me viu entrar de noiva.
Eu não pude provar a ela por A+B o quanto eu a amava.
E isso é o pior.
Eu nem mesmo sabia o quanto eu a amava.
Então, queridos, não me questionem, tá certo?
Tô experimentando um monte de coisas.
Algumas eu sei que eu vou parar.
Outras, não mesmo.
E é só porque minha mãe morreu
e a vida é curta.
Nada pessoal.
•
Voltamos!!!
Há 7 anos
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