
O Grito - Edvard Munch. 1893
Então hoje fazem dois meses.
Dia 25.
Por isso senti toda solidão do mundo de manhã.
Sozinha, infinitamente sozinha.
Sem proteção ou alento.
É incrível como seu corpo trabalha em conjunto com sua alma,
dando sinais , quando você esquece de olhar o calendário e fazer contas.
A sensação de desamparo é insuportável, nessas horas.
Então alguma amiga me diz: Pára de chorar na frente do computador
e venha chorar no meu ombro, se quiser.
Roberta, obrigada por ser a amiga fabulosa da vez.--
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Mas o que realmente fez vir aqui a essa hora
foi minha impossibilidade de vociferar verdades.
Talvez pareça um mero capricho a minha escrita insistente
nesse blog. Uma afetação de artista anônima.
O fato é que a escrita crua me permite a sanidade.
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Odeio quando as pessoas não enxergam coisas óbvias.
Não será óbvio, que qualquer pessoa que tivesse perdido
uma mãe maravilhosa há dois meses e tivesse que
tolerar a maldição de ser a irmã mais nova, que tem que aturar
toda sorte de desaforos calada estaria no mínimo aborrecida
com tudo?
Então porque ninguém percebe isso?
Como é que me propõem o seguinte:
Olha, a casa é teoricamente sua, mas todos temos a chave.
Entraremos quando bem entendermos, a usaremos como
nos convir, te pediremos satisfações de tudo que você faz,
mesmo que não estejamos te ajudando em ABSOLUTAMENTE NADA.
e ah, já íamos esquecendo: limpe melhor essa casa, está um lixo!
Por que minha vida tem de parecer um filme, o tempo todo?
Eu me pergunto se enlouqueço agora ou daqui a dez minutos.
Eu deveria gritar a plenos pulmões,
então as pessoas procurariam seu bom senso em algum lugar
de suas casas aglomeradas?
Talvez devesse.
Mas a idiota vai acordar cedo e deixar tudo limpo.
Idiota.
A idiota vai deixar tudo pra trás sem um pingo
de remorso, procurando se desfazer de todo rancor.
Assim que possível, não tenham dúvida.
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" A arte existe por necessidade, porque a vida não é o bastante!" Ferreira Gullar.
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