domingo, 27 de junho de 2010

Para os que ficam. Para mim, que fico.

Então na última quinta feira, minha sobrinha me disse entre soluços:
Tia, minha vó morreu.

Eu não acreditei, não.
Eu insisti com ela:
Não, Lívia, não é isso. A minha mãe?
Péra aí, que eu não to entendendo: A minha mãe?

Eu repetia : então acabou ?

Pra ser bem sincera eu não tô entendendo é nada, de lá pra cá.
Eu ainda não assimilei a coisa.
Eu tenho consciência de que ela se foi, de que aquilo que eu vi,
não era ela, mesma.
Só parecia ela.
É tão esquisito! eu não quis tocar. Não era ela!
Eu queria era ela mesma, entendem?

Eu sei ( tenho certeza, do verbo certeza absoluta.
Não é a felicidade dela, onde ela está, que me preocupa)
que ela está no exato lugar em que eu adoraria estar.
Que já teve o privilégio de olhar a Deus bem no olho.
Eu não posso ter o descaramento, o egoísmo,
de preferir que ela estivesse aqui, ainda que fosse pra ter
saúde, e tudo de melhor, nessa terra.
Porque, a felicidade, não está na terra, queridos.

Mas eu fiquei, né?
Então dói, sim.
Dói pra cacete.
E não é como uma tatuagem, que te deixa bonito.
é como uma facada gratuíta.

Agora a minha irmã quer que " eu seja dela".
Justo quando eu havia decidido que não seria mais de ninguém.
Hoje tive um acesso de nervosismo, quando vi todos deliberando
sobre a minha permanência na casa dela.
Medindo as paredes, para fazer obras.
Não será ÓBVIO que eu preciso de TEMPO ?
Não tive ÃNIMO, ENERGIA, para questionar isso.

Saí e fui tomar uma (mas uma mesmo) cerveja ( a propósito,
descobri a minha cerveja: Malzbier! mas não pretendo encher a cara, não se empolguem)
com o Jader.

Uma coisa que eu não fiz ainda foi me desmanchar de chorar.
Eu chorei, bastante, até.
Mas sabe quando você percebe que tem
um osso de galinha na garganta? É isso.
Acho que essa responsabilidade de dar força
ao resto da família não ajudou muito.

E hoje, pela primeira vez, meu namorado
não entendeu o contexto, antes de
se empolgar. Mas ele tem sido maravilhosooo,
vou relevar.

Obrigada a todos que pensaram em mim,
que lamentaram, a todos que foram ao enterro.
À Gau, e ao Jader, que seguraram a minha mão
por todo tempo que eu quis.
Ao Thiago ( o namorado em questão!) que tem sido, sim,
um anjo, e fez tudo que eu precisei, de muito bom grado.
Obrigada à Carol Nunes por existir. E falo Sério.

2 comentários:

  1. I feel the same, bee. só de te conhecer, me sinto muito sortuda. vc não existe, é coisa da minha cabeça. e quero muito que vc saiba que eu sei que vc é forte e que vc é, SIM, uma supermulher. mas, ó, vc sabe. tamosaí sempre. SEMPRE. com ou sem cerveja! te amo.

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  2. MAH, não pude estar com você de corpo mas o fiz em pensamento juntamente com outros tantos, amigos seus... Temos certeza que você vai voltar melhor dessa viagem de vida (nós sempre voltamos melhor dessas viagens de existência), que Papai te ajude na sua nova caminhada... Estamos juntos, mesmo que separados...

    Ricardo Cavalcante.

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