quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pela janela.

Por vezes que já perdi as contas,
na verdade, nove vezes,
sonhei que comia uma papoula vermelha.
Ela tinha um gosto de girassol, maná.
Tinha um cheiro de criança.
Eu não conseguia me conter, só olhar.
Eu sabia que se a tocasse, destruiria.
E mesmo assim, arranquei e comi.
Porque eu tinha tanta fome!

Então era orvalho, dilúvio, vendaval, que eu gostava,
confesso.
Acordei.
Do verbo dedilhar.
No tom que me é mais apropriado.
Do verbo fazer acordo com minha fome.
Bem no meio dos campos Elísios.
Decidi me esforçar ao máximo
pra manter os olhos abertos.
Guardar dos sonhos a lembrança,
a cor, o cheiro e o gosto. O som.
Principalmente o som.



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Não. Não é dejavu.
Hoje vi um pé de papoulas vermelhas
pela janela do ônibus.
Estavam fechadas, da chuva.
Isso me fez lembrar que quem planta vento
colhe tempestade.

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