o que sobrou •

Hoje, eu desbravei as caixas em cima do meu guarda vestidos atrás de um caderninho de anotações mínimo, que eu adquiri ano passado. Um que era encapado de tela pintada.
Laranjão, lembram-se?

Pois então.
Eu queria encontra-lo para anotar minhas idéias geniais, para trabalhos de arte.
Esse ano tenho uma vasta produção em vista.
Estou bastante animada.
Quem sabe não rola uma individual? É. Existem possibilidades, pequenas, mas existem.
Eu sou pequena e existo, oras.
Eu não achei o caderninho.

Mas encontrei as caixas de cartas que sobraram da pior e última
tragédia da falta de respeito ( isso é um hiperlink, basta clicar e saber do que se trata).
Então reli algumas, inclusive uma da Mirabel, de aniversário.
Ainda restaram cinco, das dez caixas.
Eu tirei a poeira delas, guardei todas dentro de uma caixa grande e coloquei um recado
grande numa folha de papel ofício, pedindo que não mexessem.
Se UM DIA elas forem pro lixo ou pra onde quer que seja, há de ser pelas MINHAS mãos.
Eu acho que não consigo me desfazer das que sobraram porque elas são
uma prova física de sentimentos indizíveis, impagáveis.
Só eu sei o prazer absoluto que experimento
ao ver a capacidade que as pessoas têm de se expressar. E de amar.
Principalmente por ter a certeza de que não mereço.